A escritora polonesa Olga Tokarczuk ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2018. De todos os seus livros, entre eles Sobre os ossos dos mortos, Correntes e A alma perdida (publicados no Brasil pela Todavia), Escrever é muito perigoso se distingue por ser uma compilação de ensaios sobre a escrita. São textos pensados para além do mundo binário, tentando integrar vidas numa cosmogonia afirmativa sobre a função da literatura para além do seu caráter instrumental.
Tokarczuk restitui o papel do ofício de narrar em sua dimensão humana. No texto “Dedo no sal, ou uma breve história das minhas leituras”, a autora afirma que a leitura é capaz de “abrir, perante os seus olhos, uma vida alheia na sua integridade, em grau maior do que no caso de uma pessoa que de fato existe”. Ela se afirma, antes, como leitora. Só depois da leitura se constitui como escritora.
Para a escritora, a capacidade de fabular “ensina a empatia e mostra como somos parecidos e diferentes ao mesmo tempo. As pessoas que leem romances possuem “uma consciência mais ampla, dado que, por um instante que seja, vivem vidas de outras pessoas”. Esse complexo caminho do(a) escritor(a) até o texto – se for bem-sucedido – altera um pouco nosso mundo, introduzindo personagens, perguntas, descobertas inéditas.
Então, como chegar até lá? Essa é uma pergunta que todo artesão das palavras (seja narrador ou poeta) se fez um dia. Na série de palestras de Lódz, Tokarczuk nos ensina que “o narrador é contra a linguagem coloquial, gratuita, fática, que não consegue exprimir a complexidade de várias camadas da experiência humana”.
E é a partir da busca por um narrador mais sensível que existem as oficinas literárias. Concordamos com Olga quando ela afirma que escrever é trabalho duro que, além da emotividade, exige a técnica. Escrever é muito perigoso é um livro essencial para todos nós que trabalhamos com as palavras. A leitura deste livro é também um ensejo para aproveitar alguns dos nossos cursos que desenvolvem a escrita criativa e a técnica narrativa. Confira logo abaixo algumas oficinas de escrita criativa ao vivo que vamos oferecer em outubro.
Aproveitem ⚓
— Fernanda Fatureto
PROGRAMA
Encontro 1: Safo, Eros
Encontro 2: O primeiro amor, o amor platônico
Encontro 3: O desejo se realiza, o fim do desejo
Encontro 4: Leitura e comentários aos textos das/os participantes
LILIAN SAIS é poeta e romancista. Publicou, entre outros, o romance O funeral da baleia (ProAC 2020 e finalista do Prêmio São Paulo de Literatura) e os livros de poesia Motivos para cavar a terra (vencedor do VI Prêmio Cepe Nacional de Literatura) e O livro do figo (ProAC 2022).
PROGRAMA
Encontro 1
Morte viva ou
nomear a perda
- leitura de trechos do livro Araras Vermelhas, de Cida Pedrosa;
- comentários;
- sugestão de exercício poético.
Encontro 2
Vida em morte ou
lembrar é ver
- leitura de poemas do livro Holograma, de Mariana Godoy;
- comentários;
- sugestão de exercício poético.
Encontro 3
Morte em vida ou
o apagamento
- leitura de poemas do livro Mangue, de Moisés Alves;
- comentários;
- sugestão de produção poética.
Encontro 4
Leitura dos poemas produzidos a partir da proposta do encontro anterior, com comentários da mediadora e de tod_s _s participantes da oficina.
BRUNA MITRANO nasceu e vive na periferia do Rio de Janeiro. É escritora e mediadora de leitura. Tem poemas publicados em antologias, jornais e revistas, no Brasil e no exterior. É autora dos livros Não (Patuá, 2016) e Ninguém quis ver (Companhia das Letras, 2023).
PROGRAMA
3º módulo | A paisagem ficcional: Como e por que escrevemos a paisagem? Esta é a pergunta central desta série que pretende investigar e exercitar o olhar literário na construção dos lugares onde os personagens habitam e circulam.
Encontro 1: Poéticas do espaço
Encontro 2: As paisagens literárias
Encontro 3: As paisagens afetivas
Encontro 4: Sobre mapas e enredos
Micheliny Verunschk é escritora. Autora de Caminhando com os mortos (2023), Desmoronamentos (2022), O som do rugido da onça (2021, prêmio Jabuti 2022), O movimento dos pássaros (2020), Nossa Teresa – vida e morte de uma santa suicida (2014) e Geografia Íntima do Deserto (2003), entre outros. É mestre em Literatura e Crítica Literária e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC - São Paulo. Vencedora, entre outros, dos prêmios Jabuti 2022 e Oceanos 2022.
PROGRAMA
1. Espaço / temporalidade: o cronótopo [construção e organização da memória]
2. Memória não linear / algo entre ficção e realidade / a representação do passado: presença e ausência
3. Casa e universo: a imensidão íntima como fluxo
4. Time elapsed. Memória e pertencimento
Jussara Salazar é escritora, tradutora e artista visual, publicou Bugra (2021), O dia em que fui santa joana dos matadouros (2020), Corpo de peixe em arabesco (2019) e Fia (2016), entre outros. Mestre em Letras pela UFPR (2010) e doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade de São Paulo (2016).
Centro Cultural Astrolabio | Cursos de literatura, arte e cultura, oficinas de escrita criativa, leituras guiadas, clubes de leitura e orientação de projetos editoriais. Encontros ao vivo via zoom, aulas gravadas e emissão de certificado.
nossos cursos: www.sympla.com.br/oastrolabio
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